Como Se Faz Diagnóstico Segundo O Nanda? – Sou Enfermagem – Como Se Faz Diagnóstico Segundo O Nanda?
-Sou Enfermagem: este guia prático explora a taxonomia NANDA-I, fornecendo uma compreensão aprofundada do processo de diagnóstico de enfermagem. Abordaremos os conceitos fundamentais, as etapas envolvidas na formulação de um diagnóstico preciso e a integração deste processo com o planejamento de cuidados. A análise detalhada dos diferentes tipos de diagnósticos (reais, de risco e possíveis) e a apresentação de exemplos práticos, utilizando tabelas e roteiros passo a passo, facilitarão a compreensão e aplicação do método NANDA-I na prática clínica diária.

A utilização da NANDA-I padroniza a linguagem e o raciocínio clínico, permitindo uma comunicação mais eficaz entre profissionais de saúde e contribuindo para a melhoria da qualidade dos cuidados prestados. Exploraremos também a comparação da NANDA-I com outras taxonomias, analisando suas vantagens e desvantagens, e apresentaremos cenários clínicos que ilustram a aplicação prática do método na resolução de problemas de saúde dos pacientes.

Diagnóstico de Enfermagem segundo a NANDA-I: Como Se Faz Diagnóstico Segundo O Nanda? – Sou Enfermagem

Como Se Faz Diagnóstico Segundo O Nanda? - Sou Enfermagem

A NANDA-I (North American Nursing Diagnosis Association International) fornece uma linguagem padronizada para descrever os problemas de saúde dos pacientes, permitindo uma comunicação mais eficaz entre profissionais de enfermagem e outras áreas da saúde. Compreender a estrutura e os tipos de diagnósticos de enfermagem segundo a NANDA-I é fundamental para a prática clínica segura e eficiente.

Estrutura Básica do Diagnóstico de Enfermagem

Um diagnóstico de enfermagem segundo a NANDA-I apresenta uma estrutura tripartite, composta por três componentes inter-relacionados: o problema, os fatores relacionados e as características definidoras. O problema refere-se ao julgamento clínico sobre a resposta de um indivíduo, família, grupo ou comunidade a problemas de saúde ou processos vitais. Os fatores relacionados são os fatores que contribuem para o problema, enquanto as características definidoras são os sinais e sintomas objetivos e subjetivos que evidenciam o problema.

A clareza e a precisão em cada componente são cruciais para a seleção de intervenções de enfermagem adequadas.

Tipos de Diagnósticos de Enfermagem

Como Se Faz Diagnóstico Segundo O Nanda? - Sou Enfermagem

Existem três tipos principais de diagnósticos de enfermagem: real, de risco e possível. O diagnóstico de enfermagem real é aquele em que os sinais e sintomas (características definidoras) estão presentes e evidenciam um problema. O diagnóstico de enfermagem de risco indica uma vulnerabilidade a desenvolver um problema, sem que as características definidoras estejam presentes. Por fim, o diagnóstico de enfermagem possível é aquele em que há dados insuficientes para confirmar a presença ou ausência de um problema, necessitando de investigação adicional.

Exemplos de Diagnósticos de Enfermagem, Como Se Faz Diagnóstico Segundo O Nanda? – Sou Enfermagem

A seguir, são apresentados exemplos de cada tipo de diagnóstico de enfermagem, utilizando a taxonomia da NANDA-I:

  • Diagnóstico Real: Déficit de volume de líquidos relacionado à diarreia e vômitos evidenciado por pele seca e turgor diminuído, mucosas secas, diminuição da diurese e sede excessiva. (NANDA-I: 00004)
  • Diagnóstico de Risco: Risco de infecção relacionado à ferida cirúrgica aberta. (NANDA-I: 00007)
  • Diagnóstico Possível: Dor crônica possível relacionada à artrite reumatoide evidenciado por relato de dor persistente e incapacidade de descrever a intensidade da dor com precisão. (NANDA-I: 00083)

Exemplo Completo de Diagnóstico de Enfermagem

A tabela abaixo apresenta um exemplo completo de diagnóstico de enfermagem, incluindo a justificativa para a escolha de cada componente.

Problema Fatores Relacionados Características Definidoras Justificativa
Padrão respiratório ineficaz Dor torácica pós-operatória Frequência respiratória de 28 irpm, dispneia, uso de musculatura acessória, queixas de dor ao respirar profundamente O paciente apresenta sinais e sintomas objetivos (dispneia, frequência respiratória aumentada, uso de musculatura acessória) e subjetivos (queixa de dor ao respirar profundamente) que indicam um padrão respiratório comprometido, diretamente relacionado à dor no tórax após a cirurgia.

Processo de Diagnóstico de Enfermagem

Como Se Faz Diagnóstico Segundo O Nanda? - Sou Enfermagem

O processo de diagnóstico de enfermagem, baseado na NANDA-I (North American Nursing Diagnosis Association International), é um processo sistemático e crítico que guia a prática profissional de enfermagem. Ele permite a identificação precisa das necessidades de saúde do paciente, direcionando a intervenção e avaliação de resultados. A formulação de diagnósticos de enfermagem precisos é crucial para o planejamento e a implementação de cuidados de enfermagem eficazes e seguros.

Etapas do Processo de Diagnóstico de Enfermagem

O processo de diagnóstico de enfermagem segue etapas sequenciais interdependentes, que culminam na identificação de um diagnóstico de enfermagem segundo a NANDA-I. A omissão ou falha em qualquer etapa pode comprometer a qualidade do cuidado prestado.

Carpenito-Moyet, L. (2017). Diagnóstico de enfermagem: guia para a prática clínica. Porto Alegre: Artmed. A coleta de dados abrange informações subjetivas (relatadas pelo paciente) e objetivas (obtidas através da observação e exame físico). É fundamental uma abordagem sistemática e completa para garantir a obtenção de dados relevantes.

Ackley, B. J., Ladwig, G. B., & Makely, M. (2017). Diagnóstico de enfermagem: guia para a prática clínica. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil. A análise dos dados envolve a interpretação e a organização das informações coletadas, buscando identificar padrões, relações e possíveis problemas de saúde. Essa etapa requer um raciocínio clínico crítico e a capacidade de discernir informações relevantes das irrelevantes.

NANDA International. (2021-2024). Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: definições e classificação 2021-

2024. Porto Alegre

Artmed. A formulação do diagnóstico de enfermagem é a etapa em que se integra a informação analisada para a definição de um diagnóstico, seguindo a estrutura da NANDA-I: Problema (diagnóstico), Relacionado a (etiologia), Manifestado por (sinais e sintomas).

Potter, P. A., & Perry, A. G. (2019). Fundamentos de enfermagem: conceitos, processo e prática. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil. A validação do diagnóstico de enfermagem consiste na verificação da acurácia do diagnóstico formulado, confrontando-o com os dados coletados e a literatura especializada. Essa etapa é crucial para garantir a precisão e a relevância do diagnóstico.

Dados Subjetivos e Objetivos em Diagnósticos de Enfermagem

Dados subjetivos são informações relatadas pelo paciente, expressando suas percepções, sentimentos e experiências. Dados objetivos são informações obtidas através da observação direta, exame físico e resultados de exames laboratoriais. Ambos são essenciais para a formulação de um diagnóstico completo e preciso.Por exemplo, para o diagnóstico de enfermagem “Dor aguda relacionada à cirurgia abdominal manifestada por expressão facial de dor, queixas de dor intensa (8/10 na escala analógica visual), sudorese e postura antálgica”, temos:* Dados subjetivos: Queixas de dor intensa (8/10 na escala analógica visual), relato de desconforto.

Dados objetivos

Expressão facial de dor, sudorese, postura antálgica, sinais vitais alterados (taquicardia, taquipneia, possivelmente hipertensão).

Roteiro Passo a Passo para a Construção de um Diagnóstico de Enfermagem

A construção de um diagnóstico de enfermagem requer um processo sistemático e organizado. Um roteiro passo a passo facilita a aplicação do método e minimiza erros.

Referência fictícia: Manual de Diagnóstico de Enfermagem – Hospital X Passo 1: Coleta de Dados – Realizar uma anamnese completa, incluindo histórico de saúde, queixas atuais, medicações em uso, hábitos de vida e exame físico detalhado. Registrar todas as informações de forma clara e organizada.

Referência fictícia: Manual de Diagnóstico de Enfermagem – Hospital X Passo 2: Análise dos Dados – Identificar padrões, relações e possíveis problemas de saúde. Comparar dados subjetivos e objetivos, buscando consistência e coerência.

Referência fictícia: Manual de Diagnóstico de Enfermagem – Hospital X Passo 3: Formulação do Diagnóstico – Utilizar a estrutura da NANDA-I (Problema, Relacionado a, Manifestado por) para formular o diagnóstico de enfermagem. Escolher o diagnóstico que melhor descreve o problema de saúde do paciente.

Referência fictícia: Manual de Diagnóstico de Enfermagem – Hospital X Passo 4: Validação do Diagnóstico – Conferir se o diagnóstico formulado é consistente com os dados coletados e a literatura especializada. Revisar o diagnóstico e, se necessário, reformulá-lo.

Diagnóstico de Enfermagem e Planejamento de Cuidados

O diagnóstico de enfermagem, utilizando a taxonomia NANDA-I, é fundamental para a construção de um plano de cuidados individualizado e eficaz. A identificação precisa dos problemas reais ou potenciais de saúde do paciente, expressos na linguagem padronizada da NANDA-I, direciona a escolha de intervenções de enfermagem específicas e mensuráveis, contribuindo para a melhoria dos resultados em saúde. A integração entre diagnóstico e planejamento é, portanto, crucial para a prática baseada em evidências.

Influência do Diagnóstico NANDA-I no Planejamento de Cuidados

O diagnóstico de enfermagem segundo a NANDA-I fornece uma base sólida para o planejamento de cuidados. A clareza e a precisão da linguagem da NANDA-I permitem uma comunicação mais eficaz entre os membros da equipe de saúde, minimizando a ambiguidade e garantindo que todos compreendam as necessidades do paciente. Cada diagnóstico, composto por um enunciado claro e conciso, juntamente com os fatores relacionados e características definidoras, orienta a seleção de intervenções específicas e o estabelecimento de metas e resultados mensuráveis.

Este processo estruturado facilita a avaliação da eficácia das intervenções e a adaptação do plano de cuidados conforme a evolução do paciente.

Comparação da NANDA-I com Outras Taxonomias

A NANDA-I, apesar de amplamente utilizada, não é a única taxonomia de diagnósticos de enfermagem disponível. Outras taxonomias, como a NIC (Classificação de Intervenções de Enfermagem) e a NOC (Classificação de Resultados de Enfermagem), oferecem diferentes perspectivas e abordagens para o processo de enfermagem. A NANDA-I destaca-se por sua ênfase nos problemas de saúde do paciente, enquanto a NIC foca nas ações da enfermagem e a NOC nos resultados esperados.

A vantagem da NANDA-I reside em sua padronização e ampla aceitação global, facilitando a comunicação e a comparação de dados entre diferentes contextos. Uma desvantagem pode ser a sua possível rigidez em alguns casos, podendo não contemplar a complexidade de situações clínicas muito específicas. A utilização combinada dessas taxonomias, criando um sistema integrado de classificação, é uma estratégia que busca otimizar o processo de planejamento de cuidados, complementando as forças e mitigando as fraquezas de cada sistema individualmente.

Cenários Clínicos e Diagnósticos de Enfermagem

A seguir, são apresentados três cenários clínicos distintos, com seus respectivos diagnósticos de enfermagem segundo a NANDA-I e intervenções de enfermagem correspondentes.

Cenário 1: Paciente Pós-Operatório de Apendicectomia

Descrição da Imagem: A imagem mostraria um paciente jovem deitado na cama de hospital, com curativo limpo e seco no local da incisão abdominal. O paciente demonstra expressão de dor facial, levemente contorcido, e respiração superficial.

Diagnóstico NANDA-I: Dor aguda relacionada à incisão cirúrgica, evidenciada por expressão facial de dor, respiração superficial e relato verbal de dor.

Intervenções de Enfermagem:

  • Avaliar a intensidade da dor utilizando escala numérica (0-10).
  • Administrar analgésicos conforme prescrição médica.
  • Utilizar técnicas não farmacológicas para alívio da dor, como posicionamento adequado, massagem suave e aplicação de calor ou frio.
  • Monitorar sinais vitais e observar sinais de infecção no local da incisão.
  • Educar o paciente sobre técnicas de manejo da dor e importância do repouso.

Cenário 2: Paciente Idoso com Incontinência Urinária

Descrição da Imagem: A imagem mostraria uma senhora idosa sentada em uma cadeira, com expressão de constrangimento e vestes molhadas. O ambiente demonstra vestígios de umidade no chão.

Diagnóstico NANDA-I: Incontinência urinária relacionada à fraqueza muscular do esfíncter urinário, evidenciada por perda involuntária de urina.

Intervenções de Enfermagem:

  • Avaliar o tipo e a frequência da incontinência urinária.
  • Incentivar a ingestão adequada de líquidos, evitando a retenção urinária.
  • Implementar um programa de exercícios para fortalecer a musculatura pélvica (exercícios de Kegel).
  • Orientar sobre a utilização de dispositivos de higiene adequados.
  • Monitorar o balanço hídrico e o estado nutricional do paciente.

Cenário 3: Paciente com Diagnóstico de Diabetes Mellitus Tipo 2

Descrição da Imagem: A imagem mostraria um paciente adulto com sobrepeso, apresentando sinais de fadiga, com um medidor de glicose no sangue ao lado. O paciente demonstra expressão de preocupação.

Diagnóstico NANDA-I: Déficit de conhecimento sobre o autocuidado em relação ao diabetes mellitus tipo 2, evidenciado por relato de dúvidas sobre a administração de insulina e monitoramento da glicemia.

Intervenções de Enfermagem:

  • Avaliar o nível de conhecimento do paciente sobre o diabetes mellitus tipo 2.
  • Fornecer educação sobre a doença, incluindo a importância do controle glicêmico, dieta, atividade física e administração de medicamentos.
  • Demonstrar a técnica correta de administração de insulina (se aplicável).
  • Ensinar o paciente a monitorar a glicemia capilar e a interpretar os resultados.
  • Incentivar o paciente a participar ativamente do seu plano de cuidados.

Em resumo, o processo de diagnóstico de enfermagem segundo a NANDA-I é fundamental para a prestação de cuidados de saúde eficazes e centrados no paciente. Compreender os conceitos fundamentais, as etapas do processo e a integração com o planejamento de cuidados é crucial para a prática profissional. A utilização da NANDA-I, com sua estrutura organizada e padronizada, permite uma avaliação sistemática das necessidades do paciente, conduzindo à formulação de diagnósticos precisos e à implementação de intervenções eficazes, melhorando, assim, os resultados clínicos e a qualidade da assistência de enfermagem.